Page 111 - Revista Turbilhão 22
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TEMPO DE OUTRO TEMPO
Ao subir o Douro num dos gentleman’s boats da frota Pipa-
douro, não se percorre apenas o rio. Percorre-se também uma
memória. Uma memória de outros tempos, mais lentos, mais
densos, mais sensoriais.
Ali, o tempo mede-se em goles de vinho do Porto, no reflexo da
luz na água, no compasso sereno do motor que desliza. Cada
curva revela uma nova palete de verdes e dourados. Cada ins-
tante tem o peso de uma eternidade suspensa.
Nesta edição da Turbilhão, onde celebramos o ritmo do tempo,
a experiência Pipadouro surge como metáfora perfeita: a nave-
gação como acto de contemplação, o rio como linha do tempo,
e o barco como mecanismo de desaceleração elegante.
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