Inspirada nos modelos à prova de água construídos para as forças armadas Britânicas no final da segunda guerra mundial, a Seamaster é a linha de modelos mais antiga da Omega ainda em produção. Um relógio cuja génese se destina a indivíduos activos e para ser usado na “cidade, no mar e no campo”.
A Omega acabava de completar um século de existência e, em 1948, tinha chegado a hora de apresentar o novo Seamaster. Mas antes de mergulharmos na evolução histórica desta linha, é necessário compreender os princípios clássicos do design por trás deste relógio. Em 1932 o novo Marine da Omega chamava a atenção do famoso mergulhador Yves Le Prieur, o mesmo que tinha desenvolvido as primeiras máscaras e botijas de mergulho. A partir daqui o Marine passa a objecto de culto para os mais destacados viajantes e aventureiros do início a meados do século 20, incluindo personalidades como o naturalista e biólogo marinho Charles Willian Beebe que, em 1934, levou consigo um destes modelos a mais de 923 metros de profundidade numa batisfera.
Escusado será dizer que a reputação da Omega entre os mergulhadores já estava criada, mesmo antes do lançamento do primeiro Seamaster. É que a marca tinha já ganho uma excelente reputação através dos velhos relógios à prova de água usados pelos militares britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto o que pode verdadeiramente distinguir o primeiro Seamaster dos seus antecessores, é o seu o-ring de borracha, que separa este relógio de mergulho de outros modelos com juntas de chumbo ou goma-laca, e que eram mais susceptíveis a mudanças de temperatura. Em vez disso, a junta de borracha da Omega impedia qualquer infiltração de água em mudanças de temperatura que podiam variar entre -40 ° C e +50 ° C.
Mas o primeiro verdadeiro recorde de mergulho para o Seamaster surge em 1955, quando o mergulhador Gordon McLean atinge uma profundidade de 62,5 metros num mergulho ao largo da costa da Austrália. Provavelmente o relógio de mergulho mais conhecido da Omega, o Seamaster 300 seria inicialmente lançado como um trio chamado “Master”, e que incluía o Speedmaster, o Railmaster e o Seamaster 300. O modelo transforma-se rapidamente num favorito entre os exploradores e os mergulhadores profissionais, onde se inclui o célebre Jacques Cousteau que confia na Omega, em 1963, durante as experiências com o Precontinent II no Mar Vermelho.
E se inicialmente os 39mm do Seamaster 300 eram considerados um pouco grandes para o seu tempo, aquilo que verdadeiramente interessava era que a marca tinha construído um relógio facilmente legível debaixo de água, tornando-o num caso de sucesso. Uma fonte de alguma confusão, no entanto, foi a suposição de que o 300 inscrito sobre o mostrador representava uma resistência à água equivalente. Em vez disso, o número significava que o modelo era capaz de suportar 200 metros de profundidade, uma cota testada pela Omega durante os ensaios de desenvolvimento do modelo.
Em 1964, a marca de Bienne decidiu que tinha chegado o momento de redesenhar o Seamaster, aumentando o tamanho da sua caixa para 42 mm e incorporando uma luneta de maior dimensão. A nova imagem desportiva do modelo acaba por chamar a atenção dos mergulhadores da Marinha Britânica, que começam a usar o Seamaster 300 como equipamento oficial.
Com o tempo, a evolução tecnológica passou a permitiu mergulhos cada vez mais profundos e prolongados, revelando a necessidade de um relógio mais forte e mais robusto. Em resposta a esta necessidade, a Omega lança o Seamaster 600 em 1970, e o Seamaster 1000, em 1971. Este último faz história durante um mergulho a mais de 1000 metros abaixo da superfície do oceano, ao manter-se preso ao braço robótico do submarino Beaver Mark IV, da IUC (International Underwater Contractors). Ambos os relógios seriam propostos como modelos quase indestrutíveis, já que eram impermeáveis ao hélio. Os Seamaster 600 chegaram mesmo a equipar os mergulhadores profissionais da francesa COMEX, onde três mergulhadores do Janus II estabeleceram um recorde mundial de mergulho ao alcançar 253 metros de profundidade em 1970. Mais tarde, os Seamaster 600 viriam a acompanhar vários mergulhadores da equipa de Cousteau, à medida que estes alcançavam a marca dos 500 metros ao largo da costa de Marselha. A partir daqui o resto é história, e, felizmente, pode ser adquirido nas vitrines das melhores relojoarias. Para os Mestres dos Mares, mas também para os mais amadores…