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Elemento: Água

A relação entre a relojoaria e a água remonta aos primórdios da navegação em alto-mar, tendo evoluído ao longo dos séculos para muito mais do que uma ligação utilitária. Hoje, tempo e elemento convivem lado a lado e a relojoaria náutica assume-se como um verdadeiro estilo de vida.

 


A ligação dos relógios à água teve inicio muito antes do advento dos relógios de pulso. Na realidade, esta relação entre a máquina e o elemento começou com a necessidade de se encontrar a longitude no mar, necessidade essa fomentada pela Expansão Portuguesa e consequente navegação sem terra à vista. O problema do achamento da longitude no mar viria a ser resolvido em pleno século XVIII, através de uma peça do tempo – cronómetro de marinha – desenvolvida por John Harrison.

Dois séculos passados e o elemento água voltava em força à agenda relojoeira. De facto, o século XX assistiu à passagem do relógio de bolso para o de pulso, uma transição “difícil”, cuja aceitação se deveu, sobretudo, às melhorias na durabilidade deste tipo de relógios. Os primeiros inimigos dos modelos de pulso traduziam-se na água, no pó, nos choques e no magnetismo e foi sobretudo durante os anos vinte e trinta que ocorreram avanços da engenharia na luta contra estas forças, sendo o mais notável o melhoramento da caixa do relógio para que pudesse selar.

 

OMEGA, Seamaster Planet Ocean Big Blue

 

A Omega e a Rolex foram pioneiras na luta contra a água. Em 1925, dois relojoeiros suíços de La Chaux-de-Fonds, Paul Perregaux e Georges Peret, submeteram uma patente suíça para um sistema de coroa aparafusada. Hans Wilsdorf, da Rolex, negociou para que a patente de Perregaux e Peret lhe fosse atribuída, criando o Rolex Oyster. Já a Omega teve uma aproximação radicalmente diferente. Em 1932, apresentou o Marine, um relógio que basicamente tinha uma caixa dentro da outra.

A evolução decisiva de relógios de pulso mais resistentes à água poderá ter resultado de um marketing inteligente e da mudança do estilo de vida dos civis. Em 1953, o Fifty Fathoms da Blancpain chegou ao mercado e atingiu reconhecimento ao ser usado por Jacques Cousteau no filme “O Mundo do Silêncio”. Mais tarde, a marca lançou também os modelos Aqualung e Bathyscaphe.

 

Ulysse Nardin, Marine Diver Artemis Racing
Audemars Piguet, Royal Oak Offshore Diver
Cartier, Calibre de Cartier Diver
IWC, Aquatimer Cronógrafo edição Ilhas Galápagos

 

Seguindo esta “onda” de lançamentos, muitas outras empresas produziram relógios de mergulho. Virtualmente todas as marcas suíças famosas, exceptuando talvez a Patek Phillipe e a Audemars Piguet, se seguiram nos anos cinquenta e sessenta. A Omega abraçou o mercado crescente com entusiasmo, lançando o seu primeiro Seamaster de mergulho, o 300 (que tinha uma resistência à água a 200 metros), em 1957, e, seguindo o sucesso desse modelo, introduziu muitos outros.

Durante os anos sessenta, o trabalho comercial nos oceanos e mares criou as organizações de mergulho profissionais que precisavam de relógios concebidos para conduzir operações de mergulho seguras a grandes profundidades. Isto levou marcas como a Rolex e a Omega a desenvolver os primeiros relógios “ultra resistentes à água”. A evolução continuou através dos anos setenta e oitenta, reflectindo a demanda do público por relógios desportivos com altos níveis de resistência à água, mas não necessariamente de mergulho, criando-se o paradigma do desportivo náutico.

Para isto muito contribuíram as alterações sociais a que o mundo assistia, com a emergência de uma nova classe social, que ficaria para a história como o jet-set. Embora o nome por que ficou conhecida tivesse intima ligação com o desenvolvimento da aviação comercial a que apenas uns poucos “privilegiados” tinham acesso, a verdade é que o estilo de vida da nova classe abarcava muito mais do que as viagens de avião. Iates, veleiros, praias paradísicas e privadas em destinos como St. Tropez, Monte-Carlo, os Hamptons ou Portofino representavam o quotidiano das novas gerações que, agora, exigiam peças do tempo mais desportivas e dinâmicas que fossem ao encontro do seu estatuto, mas que se adequassem a brilhar nos destinos da moda ou a bordo de um veleiro.

 

 

Na parte final do século XX, a expansão da cultura desportiva associada ao mar “inspirou” definitivamente a indústria relojoeira. Em 1980 nascia a Hublot (escotilha) e, em 1993, assistia-se ao lançamento do Audemars Piguet Royal Oak Offshore, enquanto muitas outras marcas apresentavam relógios com funções adaptadas ao uso em regatas. Já no inicio do novo milénio, impulsionadas pelo prestigio crescente da America´s Cup e de outras provas semelhantes, diversas manufacturas relojoeiras estabeleceram parcerias com equipas destes desportos náuticos, lançando modelos de edição limitada ou comemorativos que, além de inspirações de design, traziam para a indústria os materiais ultraleves e resistentes utilizados nos barcos.

E se a ligação da relojoaria ao elemento água começou a bordo de um navio, a verdade é que, hoje, três séculos passados, a história continua e ramifica-se. Nas profundezas, em navegação, no mar, em grandes lagos ou rios ou, simplesmente, junto à costa, mais do que uma ligação à água, a relojoaria náutica assume-se como um verdadeiro estilo de vida.