Instalado na ala sul de um mosteiro com mais de mil anos de história, o novo MS Collection Mosteiro de Arouca redefine o conceito de hospitalidade patrimonial em Portugal. Combinando a serenidade da arquitectura monástica com os mais elevados padrões do luxo contemporâneo, este hotel assume-se como um destino onde o passado inspira o presente e o tempo ganha um novo ritmo.
Há lugares que nos convocam ao silêncio. Não por imposição, mas por reverência. A ala sul do Mosteiro de Arouca, agora transformada num hotel de cinco estrelas pelo grupo MS Hotels, é um desses lugares. Um espaço onde o tempo abranda, a luz repousa nas paredes de pedra e o passado sussurra entre corredores seculares. Foi ali que, convidados pela marca, nos entregámos a um fim-de-semana que fundiu património, natureza e uma hospitalidade que honra a própria arte de bem receber.




Um Mosteiro com alma de rainha
É impossível entrar neste lugar sem evocar a presença de D. Mafalda, filha de D. Sancho I, beatificada pela Igreja e eternamente associada ao mosteiro que escolheu como lar no século XIII. A sua história confunde-se com a do próprio edifício: uma fundação beneditina do século X, que viria a transformar-se em mosteiro cisterciense feminino, e que ao longo dos séculos acumulou riqueza artística, espiritual e arquitectónica. O túmulo de D. Mafalda permanece ali, lembrando-nos que este foi, antes de tudo, um lugar de recolhimento e poder feminino.

Luxo com memória
A abertura do MS Collection Mosteiro de Arouca é mais do que a adaptação de um monumento nacional a uma nova função. A intervenção arquitectónica, que exigiu um investimento de 10 milhões de euros, soube respeitar o espírito do lugar, preservando elementos como claustros, capelas e arcarias, e integrando-os numa proposta contemporânea de luxo sereno.
Ficámos hospedados num dos 53 quartos, onde o minimalismo elegante do design dialoga com as volumetrias históricas. A Suite Real, situada no torreão do mosteiro, é uma experiência palaciana, com vistas desafogadas para a paisagem de Arouca, marcada pela frondosidade do vale e o som discreto do rio Arda.
Há Festa no Mosteiro
A nossa estadia coincidiu com o evento Há Festa no Mosteiro, uma celebração de abertura que teve tanto de simbólica como de sensorial. Na sexta-feira, fomos recebidos com um jantar de boas-vindas, marcado por um ambiente intimista e acolhedor, onde o encontro entre convidados deu início ao fim-de-semana de descobertas.
No sábado, após um pequeno-almoço servido sob arcos ancestrais, aventurámo-nos no Arouca Geopark, território classificado pela UNESCO e verdadeiro santuário natural. Um dos destaques da caminhada foi a travessia da ponte suspensa 516 Arouca, que desafia o olhar e as vertigens. Uma experiência tão vertiginosa como libertadora, revelando a imponência da paisagem que envolve o mosteiro.
O ponto alto do fim-de-semana deu-se ao cair da noite. A cerimónia oficial de inauguração do hotel fez pulsar de novo os claustros monásticos, agora animados por música ao vivo, dança e convívio. Nos jardins do mosteiro, prepararam-se carnes grelhadas em fogo aberto — aromas que se misturavam com a brisa fresca e os risos dos convidados. O jantar da festa esteve sob a batuta do chef Rui Paula, cuja interpretação da cozinha portuguesa trouxe sofisticação e identidade a cada prato, elevando o evento a um verdadeiro momento gastronómico de celebração.
Antes disso, uma visita especial à antiga cozinha conventual deu-nos acesso a um capítulo doce da história de Arouca: os doces conventuais. As clarinhas, os charutos e os barrigas-de-freira mantêm viva a tradição das monjas que ali viveram, oferecendo sabores que parecem desafiar o tempo.
O luxo do tempo lento
O hotel oferece tudo aquilo que se espera de uma unidade cinco estrelas: spa completo com piscina interior aquecida, jacuzzi e salas de tratamento, piscinas exteriores, um restaurante de autor, kids club e salas de reuniões. Mas o que verdadeiramente o distingue é a forma como o luxo é entendido — não como ostentação, mas como possibilidade de usufruir do tempo com qualidade, com contemplação, com alma.
Ao partir, deixamos Arouca com a sensação de termos vivido algo raro: a experiência de um lugar onde a história não é apenas contada, mas sentida. E onde a hospitalidade se eleva à altura da sua herança milenar.