“Cada projecto é moldado por uma combinação única de factores”
Com actuação em várias vertentes do ramo imobiliário, Gonçalo Nobre da Veiga, Fundador da GV+Arquitectos, preza-se pela singularidade com que assina cada projecto. Com presença em Portugal e Angola, revela-nos em detalhe os pormenores por detrás da construção e gestão de algumas das suas obras.
“Cada obra de arquitectura é uma obra singular. Única.” O que está na origem desta premissa?
Esta premissa está enraizada na natureza da arquitectura como uma forma de expressão artística e funcional. Cada projecto é moldado por uma combinação única de factores, como a localização, o contexto cultural, o programa e as necessidades do cliente, o orçamento e a tecnologia disponível. Portanto, não há dois projectos que sejam exactamente iguais. A singularidade de cada obra deriva da necessidade de responder de maneira única a esses factores variáveis.
Há algum projecto que gostasse de destacar?
Até ao momento o projecto que mais me marcou foi um edifício de habitação em Campo de Ourique, Lisboa, onde pela primeira vez actuámos simultaneamente como promotores com a Elevation Real Estate, como arquitectos com a GV+Arquitectos e como construtores com a Speisse – Space Reinvented. Ao contrário do que se possa pensar, estar nas três posições traz dificuldades acrescidas porque temos de defender as várias vertentes de um projecto em simultâneo, onde muitas vezes as decisões e os bias são contraditórios. No entanto, o resultado final foi fantástico e esse edifício acabou por ser nomeado para os cinco finalistas dos prémios nacionais de arquitectura e também para o “building of the year”, do Archdaily, um dos maiores portais de arquitectura do mundo.
Os seus projectos assumem uma linguagem contemporânea, onde a vivência do espaço é tão importante quanto a estética. Como se desenrola o processo criativo para realizar “o sonho do cliente”?
Todos os projectos na GV+Arquitectos começam com uma compreensão profunda das necessidades e desejos do cliente. Isso envolve conversas detalhadas, pesquisas e análises do contexto do projecto, e diria que até alguma sensibilidade extra ou empatia para se compreender o que muitas vezes não é dito. A partir daí, o design evolui, incorporando essas informações e explorando diferentes conceitos e ideias. A estética é importante, mas os aspectos funcionais e práticos do projecto também o são. O objectivo é criar um espaço que seja tanto esteticamente agradável quanto funcional para atender às necessidades do cliente. Costumo dizer muitas vezes que somos tanto “artistas” e criativos como consultores. Profissionais com experiência na área que ajudam a direccionar o cliente para aquilo que é funcional e exequível dentro do que ele pretende, mantendo um sentido de equilíbrio e estética que reforce o resultado final.
Que papel tem ou poderá ter uma empresa como a Speisse na concretização daquilo que o cliente idealizou seja particular seja corporate?
A Speisse é uma empresa especializada em fit-outs, tanto corporate como residencial. Desempenhamos um papel fundamental na concretização dos sonhos dos clientes, pois podemos oferecer uma ampla gama de serviços, desde a concepção inicial até à construção e gestão do projecto. Ajudamos a traduzir a visão do cliente em planos concretos, lidar com aspectos regulatórios e fornecer conhecimento técnico especializado de forma a criar espaços agradáveis de estar. O diferencial que nos propomos atingir está na capacidade de entregar projectos de alta qualidade dentro do orçamento e do prazo, através de conhecimento especializado, antecipando expectativas e mantendo uma relação muito próxima com o cliente.
Em que áreas mais se destaca a sua actuação?
A nossa actuação estende-se às várias facetas do imobiliário, através de várias empresas que se complementam, dando resposta ao mercado em geral. A GV+Arquitectos é um gabinete de arquitectura, presente em Portugal e Angola, onde procuramos uma abordagem contemporânea e apelativa mas sempre funcional aos desafios que nos apresentam. A Speisse é uma empresa de fit-outs, que executa obras tanto de escritórios e lojas como de habitação, num mercado de gama média-alta e luxo, focando-se na atenção ao detalhe e qualidade na execução. Na Elevation Real Estate procuramos continuamente oportunidades de investimento no mercado imobiliário que proporcionem retornos de investimento acima do mercado e com risco controlado. Esses investimentos são feitos por conjuntos de pequenos investidores privados, apresentando-se como uma empresa “boutique”, com uma ligação próxima aos seus investidores.
Que visão tem da arquitectura sustentável e de que forma se materializa nos seus projectos?
A arquitectura sustentável visa limitar o impacto da construção e manutenção dos edifícios no ambiente, melhorando a vida das pessoas e o seu impacto na comunidade e meio ambiente. Isto é um processo contínuo que começa na concepção e passa pelo desenho e planeamento da obra, pela escolha dos materiais, pela construção e tem forte continuidade na vida do edifício – algo que tem de ser logo previsto em projecto. O tema da arquitectura sustentável é ambicioso mas urgente, até porque a indústria do imobiliário é uma das mais poluentes do planeta. Daí que nos últimos anos se tenham feito esforços em diversas frentes para uma arquitectura e construção cada vez mais sustentável. Ainda assim, um dos maiores problemas que enfrentamos é o facto de se ter convencionado de que ela é mais cara e por isso só possível para quem consegue suportar este tipo de “extras”. No entanto, a médio e longo prazo é fácil demonstrar a rentabilidade destes investimentos. O investimento inicial para criar uma casa ou um edifício termicamente confortável é facilmente recuperado e daí que seja sempre aconselhado.
A sua actividade estende-se à promoção imobiliária através da Elevation. A quem se dirige a vossa oferta e o que distingue (ou o que têm em comum) os projectos que compõem o seu portfólio?
A Elevation Real Estate é uma empresa de promoção imobiliária, dirigindo-se a clientes que procuram projectos exclusivos e de alta qualidade, tanto no mercado residencial como no comercial. O que distingue os nossos projectos é a atenção cuidadosa ao design e à qualidade de construção, bem como um compromisso com a sustentabilidade. Procuramos criar projectos que se destaquem pela qualidade e exclusividade, com designs contemporâneos e pela integração harmoniosa com a envolvente. A nossa visão é oferecer aos nossos investidores oportunidades com retorno acima do mercado num nível de risco controlado e aos nossos clientes um estilo de vida ou um ambiente de trabalho excepcionais.
O seu percurso profissional levou-o até Angola. É lá, aliás, que cria o seu atelier que mais tarde replica em Portugal. Como foi essa experiência? O que trouxe para Portugal? E que diferenças desctaca entre estes dois mercados?
A minha experiência em Angola foi enriquecedora e desafiadora. Trabalhar num ambiente cultural e geográfico diferente permitiu-me expandir horizontes, seja ao nível criativo como nas soft skills necessárias para vingar num país onde ainda falta muita coisa e será um dos mais difíceis do mundo para se desenvolverem novos negócios. Foi necessário aprender a forma de trabalhar, os costumes locais e adaptar os projetos às condições existentes. Trouxe para Portugal uma compreensão mais profunda da diversidade cultural, de diferentes prácticas arquitectónicas mas também uma capacidade de improviso e adaptação muito grande. As principais diferenças entre esses mercados incluem questões regulatórias, disponibilidade de materiais e recursos, e as necessidades específicas dos clientes.