Uma das complicações mais fascinantes de todos os tempos, o calendário lunar é, provavelmente, o mais antigo sistema de calendário.
O calendário lunar não é “estanque”, tem variações, é misterioso… Está dependente da quantidade de luz absorvida do astro rei, o Sol, que será posteriormente reflectida através da superfície lunar. É este reflexo da luz Solar que se apresenta no eterno mostrador a que chamamos face da Lua que nos permite ler a passagem do tempo. Tempo esse que se converteu em 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos para cada mês lunar, ou seja, o tempo decorrente entre duas fases da Lua exactamente iguais.
Em relojoaria, o método tradicional de apresentar as fases da Lua consiste num disco giratório com duas imagens deste satélite, que entram e saem por uma abertura no mostrador, de modo a que, à medida que a Lua cresce no céu, o disco vá surgindo na abertura e, à medida que mingua, vá desaparecendo novamente. Contudo, um relógio tem um trem de engrenagens regulado com base num dia de 24 horas e o mês lunar completo não conta com um número inteiro de dias, o que significa que o indicador habitual das Fases da Lua apenas é aproximadamente correcto, desviando-se da realidade um dia a cada dois anos.


Na busca incessante pela precisão no que à indicação de fases da Lua diz respeito, há uma marca relojoeira incontornável: a IWC. Para o relógio Da Vinci, a manufactura de Schaffhausen idealizou um trem de engrenagens de uma precisão muito superior à da habitual roda de 52 dentes, o que lhe permitiu apresentar uma complicação de fases da Lua que dá um erro de um dia a cada 122 anos. Mais recentemente, a IWC melhorou ainda mais estes números com o Portuguesa Calendário Perpétuo, onde o erro é de um dia a cada 577 anos.


A Lua ao serviço do Homem
O conhecimento dos ciclos lunares serviu como instrumento de domínio de várias áreas de actuação. No que diz respeito aos conflitos bélicos, podemos falar das invasões napoleónicas, que, em termos de estratégia militar, vieram romper com tudo o que se tinha feito até então. Napoleão recrutou um elevado número de civis, forneceu-lhes armamento, treinou-os e, consequentemente, tornou-se líder de um exército de milhares de homens. Os seus exércitos tinham como objectivo deslocar-se em territórios bastante extensos para realizarem as suas conquistas.
Naquele tempo não existiam os meios tecnológicos de hoje em dia, pelo que era necessário desenvolver estratégias de transporte, quer de recursos humanos, quer de logística, para que as campanhas militares dessem os frutos desejados. E é aqui que a arte relojoeira poderá ter entrado ao serviço da arte da guerra. E é também aqui que a arte de Breguet se vai perpetuar como exímio executante relojoeiro na construção de relógios com indicações astronómicas.

Na primavera de 1798, Napoleão Bonaparte adquire três peças ao prestigiado relojoeiro Abraham-Louis Breguet, entre as quais um pendulette de voyage à almanach (ver Turbilhão N.º1, pág. 47) e um relógio de bolso com indicação de fases da Lua, que provavelmente viriam a ser instrumentos fundamentais para as suas campanhas no Egipto. O primeiro, devido ao facto de indicar o calendário com a precisão necessária para se saber o dia, o dia da semana, o mês e o ano, e ambos pela indicação das fases da Lua e mês lunar.
No caso destes dois relógios, poder-se-á pensar que foram peças fulcrais por terem a indicação de fases da Lua, para que Napoleão e os seus generais tivessem noção das noites com maior Luar, de modo a deslocarem o infindável número de homens do seu exército, o que, com o calor que se faz sentir no Norte de África durante o dia, seria praticamente impossível.
Ao sabor da maré
O satélite natural da Terra dá também origem a outro tipo de indicação que vários utilizadores procuram na relojoaria, que é a indicação de marés, esta considerada como uma das complicações para a utilização na vida corrente, uma vez que a indicação dada pode influenciar vários sectores de actividade essenciais para o dia-a-dia, como o caso das pescas, dos transportes marítimos e até de desportos aquáticos.
As marés surgem por influência da atracção gravitacional do Sol e da Lua e dependem exclusivamente de factores astronómicos. Embora sendo um astro de menor dimensão que o Sol, a Lua tem maior influência nas marés, por se encontrar mais próxima da Terra.
A maré alta dá-se quando a Lua passa exactamente por cima de nós ou por baixo de nós, nos nossos antípodas, o que em termos de passagem de tempo, se dá em cerca de 12H25M em 12H25M, pelo que sabemos que no dia seguinte a maré alta virá 50 minutos mais tarde do que no dia anterior. Já o intervalo de tempo entre uma maré cheia e uma maré vazia dura metade do tempo, ou seja, 6H13M, podendo haver variações nestes intervalos temporais, pois a reacção do mar à passagem da Lua não é imediata e varia consoante o local onde nos encontramos.
Em resumo as fases da Lua também acabam por influenciar as marés, pois estas variam dependendo da posição do Sol e da Lua relativamente ao planeta Terra. Quando a Terra, a Lua e o Sol se alinham, a força de atracção gravitacional destes dois últimos astros soma-se conseguindo assim atrair uma maior massa marítima. Por outro lado, quando as forças de atracção da Lua e do Sol se opõem, quase não há diferença entre maré alta e baixa.
É por estes factores e por muitos outros que sempre houve o fascínio do Homem pela Lua. E, a 20 de Julho de 1969, o sonho tornou-se em realidade. Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar a superfície lunar. E não poderia fazê-lo sem utilizar no pulso o instrumento inventado pelo homem que melhor representa os movimentos cíclicos dos astros… o relógio. Nada mais, nada menos do que um Omega Speedmaster Professional Chronograph.