Vivem-se momentos de glória aqui ao lado, e uma série de novos hotéis, restaurantes e museus são a desculpa perfeita para regressar, numa escapadinha de fim-de-semana ou numa estadia mais prolongada…
É seguro dizer que uma cidade está na moda quando as melhores cadeias de hotelaria correm para aí abrir propriedades. Mandarin Oriental, Rosewood, Edition, J.W. Marriott ou Thompson chegaram recentemente a Madrid, elevando a oferta de noites de luxo para níveis só comparáveis aos de Londres ou Paris.
Segundo o EuroMonitor, a capital espanhola está em terceiro lugar em atracção turística a nível mundial, perdendo apenas para Paris e Dubai, mas estamos seguros de que nenhum dos analistas jantou no Smoked Room, no Toki ou no Charrua, ou teriam mudado de opinião. E com uma vantagem: os bairros mais tradicionais continuam a transbordar pura energia castelhana, e são os locais quem domina os espaços, mesmo os lobbies e os bares dos hotéis. Nesse sentido, Lisboa e Porto fariam muito bem em aprender com este exemplo de nuestros hermanos.
O hotel Madrid Edition é uma das mais recentes novidades da cidade e fica localizado numa zona surpreendentemente sossegada ainda que a dois passos das Portas do Sol, o “km 0” de Madrid. A Plaza Mayor, o Mercado de San Miguel e uma série de encantadores antiquários estão a cinco, dez minutos a pé, assim como a Ópera, a Catedral ou o Palácio Real. Será nesse complexo que vamos encontrar a Galería de las Colecciones Reales, que procura contar a história do país através dos objectos que os reis chamaram seus ao longo dos tempos. É o mais importante museu inaugurado em Madrid nas últimas décadas e o projecto, aliás, era mais antigo que os planos para o novo Aeroporto de Lisboa. Abriu finalmente portas no Verão passado tornando-se imediatamente numa das principais atracções da cidade.
De regresso ao hotel, o Madrid Edition oferece um rooftop com piscina, um dos espaços mais cobiçados da cidade para relaxar ao final do dia e beber um cocktail no Oroya. O restaurante tem assinatura de Diego Muñoz, nome que pode soar familiar, uma vez que foi o chef peruano convidado por José Avillez para abrir a Cantina Peruana. Já o Edition tem assinatura de Ian Schrager, a quem muitos chamam “o Steve Jobs da hotelaria”, e, como é característico em todos os seus hotéis, destaca-se pelo design impactante, pelo modernismo e pela animação em todos os espaços comuns, o lobby, os bares e os restaurantes.
Muito perto do Madrid Edition encontramos as Galerias Canalejas, o centro comercial mais exclusivo de Madrid onde cabem 16 marcas de luxo, incluindo Jill Sander, Aquazzura ou Saint Laurent. Um lugar perfeito para fazer compras ou admirar as montras, sendo que no piso superior encontramos um espaço de beleza e perfumaria de autor que recebe outra mão cheia de marcas premium e ultra exclusivas.
Para quem prefere fazer uma visita cultural inesperada, no fim da Gran Vía encontra o Palácio de Liria, a casa dos Duques de Alba. Tem uma das colecções de arte privadas mais famosas do planeta e vários momentos curiosos para os portugueses, dadas as ligações da casa ao nosso país.
Do outro lado da cidade, o Ritz é uma instituição. Surgiu por vontade do rei espanhol Alfonso XIII, quando percebeu que Espanha não tinha um hotel à altura dos que tinha visto pela Europa. Foi inaugurado em 1910 pelo próprio César Ritz – a par de Londres e Paris, é o único dos três Ritz inaugurado pelo “rei dos hoteleiros e hoteleiro dos reis”. Esteve três anos fechado para as obras de remodelação mais extensas da sua história, e reabriu com toda a sua glória restaurada e o mesmo esplendor de antigamente, mas modernizado para o século XXI e, agora, sob a gestão do célebre grupo de Hong Kong, Mandarin Oriental.
Um dos novos pontos altos é o ritual do chá da tarde, no Palm Court, o pátio central que recuperou o tecto envidraçado como já não se via desde os tempos da Guerra Civil espanhola, ou então para um cocktail no Pictura, o bar mais artístico da cidade, com a sua instagramável galeria de retratos. O Ritz é perfeito para explorar os três grandes museus da cidade, tendo o Prado mesmo ao lado, o Thyssen-Bornemisza a 4 minutos a pé, e o Reina Sofia a 15, no máximo – ou não estivéssemos no chamado “Triangulo del Arte”. Por aqui, também, o Real Jardin Botánico, a Real Fábrica de Tapices, o Parque do Retiro, e o elegante bairro Salamanca e famosa Calle Serrano, onde estão as maiores marcas internacionais, mas também pequenas manufacturas de luxo locais, como a Malababa, a Lladró ou a Bleis Madrid. Para retemperar energias, as tartas de queso de Alex Cordobés são as mais concorridas da cidade. Quem sabe se assim não se anima a subir um pouco e visitar o Santiago Bernabéu? Afinal, a casa do Real de Madrid acabou de ser reinaugurada e merece também uma visita. Onde mais podemos encontrar 15 Ligas dos Campeões juntas?
Onde comer
Com tantas novidades e nomes consagrados, é uma tarefa impossível fazer uma lista dos melhores restaurantes de Madrid, mas foi o que fizemos! Começando pelo Smoked Room do chef Dani Garcia, onde todos os pratos têm um toque fumado. Recebeu duas estrelas Michelin logo na estreia, algo que o famoso guia não fazia desde 1936. O Fismuler, que acerta em cheio na decoração, na gastronomia e no ambiente e que, em breve vamos encontrar também por Lisboa. O Charrua, um assador uruguaio onde o fogo é quem mais ordena e, naturalmente, as carnes são de primeira. O Toki, que nos leva numa viagem pela história da gastronomia japonesa, numa experiência com apenas seis lugares ao balcão. Para quem procura tradicional, o Cruz Blanca Vallecas é o restaurante ideal para comparar o cocido madrileño com o nosso, porque são surpreendentemente parecidos, e o La Venencia é “o” bar para tapas e Jerez. Para as famosas Tortillas, rume ao Joana La Loca, e os fás do ‘nariz à cauda’ não se vão arrepender de visitar o La Tasquería. O Zíngara, pelo contrário, é o vegetariano mais encantador de Madrid. Last but not least, os irmãos Sandoval (Mario, na cozinha, Diego, no serviço, e Rafael, sommelier) transformaram o Coque numa instituição da cidade.