Há projectos arquitectónicos tão extraordinários que são elevados a obras de arte universais, pelo seu poder de transformar o mundo da arquitectura e a experiência de quem deles usufrui. Ícones que se tornam celebridades e atraem visitantes de todo o mundo. Lugares de rara beleza, para serem contemplados e admirados como um objecto artístico.
Partir de viagem para (re)descobrir destinos pelo prisma desta arquitectura revolucionária pode ser das experiências mais emocionantes e imersivas das nossas vidas. Prepare-se para se impressionar com algumas das obras mais emblemáticas da arquitectura global, que se tornaram símbolos identitários nos quatro países asiáticos que as acolhem.
CENTRO CULTURAL HEYDAR ALIYEV, BAKU
A sua grandiosidade não passa despercebida a ninguém que circule na estrada que liga o aeroporto ao centro de Baku, a capital do Azerbaijão. Porém, a leveza das suas formas ondulantes, que se transformam à nossa vista com a graciosidade de um movimento de ballet, leva a crer que o Centro Heydar Aliyev foi pousado naquele lugar. Ou que emergiu do solo, tal é a simbiose da estrutura e do seu interior com a praça onde está implantado, numa relação contínua e fluida que parece não ter começo nem fim. Estas formas sinuosas que nos deslumbram o olhar escondem uma engenharia extrema e desafiam as noções de geometria: não há um único ângulo recto à vista. A superfície do edifício, de aparência contínua e homogénea, é ritmada pela ligação dos painéis em “costuras” que enfatizam as curvaturas do edifício e a mutação constante da sua forma e movimento.
No interior, esta fluidez foi levada ao extremo. Os espaços fundem-se uns nos outros de modo perfeito, em variações incessantes que nos conduzem numa viagem imersiva por entre ondulações, dobras e inflexões. São espaços sem fronteiras definidas, que sublimam a cultura Azeri, que acolhem, abraçam e encaminham os visitantes, esfumando-se num horizonte infinito de branco. Todas as componentes do Centro – museu, biblioteca e auditório – convergem para um átrio central, local de celebração da vida pública.
Esta interpretação contemporânea da histórica arquitectura islâmica é resultado da visão de Zaha Hadid (1950-2016), a multipremiada arquitecta iraquiana, que quis criar a ideia de uma “superfície única que funciona como uma paisagem arquitectónica completa”.
MUSEU NACIONAL DO QATAR, DOHA
Todos os museus nacionais (ou quase todos) contam a história da nação e do seu povo. Mas o Museu Nacional do Qatar personifica-a. O desafio colocado a Jean Nouvel foi claro: criar um edifício que, pela sua configuração, se tornasse um símbolo da identidade do país. A resposta veio sob a forma de Rosa do Deserto, um fenómeno natural típico da região.
O edifício parece brotar do solo, como se fosse uma escultura de sal, mimetizando a sua forma através de um sistema de discos suspensos e incrustados num volume maior, revestido por milhares de elementos que lhe conferem um padrão. Estes enormes planos suspensos emprestam belíssimas sombras às fachadas e abrem-se em terraços que oferecem vistas deslumbrantes sobre o pátio central, os jardins e a Baía de Doha.
Os interiores, de aspecto arenoso e em constante movimento, abrigam um percurso expositivo que nos impressiona e surpreende. Ao longo de 11 galerias interligadas, segue um fluxo elíptico e contínuo que evoca as ondulações naturais das dunas da paisagem desértica do Golfo Pérsico. O paisagismo exterior alterna entre dunas, pântanos e oásis, contando a história de uma cultura que floresceu num ambiente hostil.
“Simbolicamente, a sua arquitectura evoca o deserto, a sua dimensão silenciosa e eterna, mas também o espírito de modernidade e de audácia que vieram abalar o que parecia inabalável”, disse Jean Nouvel a propósito desta sua obra que capta a essência do Qatar, homenageando a sua cultura e geografia.
CENTRO NACIONAL DE ARTE, TÓQUIO
Ao contrário da maioria dos museus e galerias de arte nacionais, o Centro Nacional de Arte de Tóquio não tem uma colecção permanente. As suas exposições temporárias mudam a cada quinze dias, mas se não conseguir visitar a sua favorita, a impressionante arquitectura do edifício é, por si só, uma experiência imperdível e rivaliza com a multifacetada e fascinante arte que acolhe no interior.
Localizado no bairro central de Roppongi, um dos mais luxuosos e culturais da cidade, o edifício sobressai pela enorme ondulação transparente da fachada do átrio central, que se inunda de luz, e se assume como ponto de partida para todos os espaços de exposição. É também aqui que se encontram dois imensos cones invertidos, no topo dos quais pode deliciar-se com uma das melhores ofertas gastronómicas de Roppongi, enquanto aprecia a maravilhosa vista através da fachada. O átrio liga-se ainda ao centro do bairro como sendo parte dele, acrescentando um elemento à sua famosa vida nocturna.
Assinado por Kisho Kurokawa (1934-2007), o museu – com três pisos dedicados à arte contemporânea do Japão – é um dos mais aclamados projectos do visionário arquitecto japonês.
MAHANAKHON TOWER, BANGKOK
Gosta de emoções fortes, mas a subida ao cume do Evereste não está nos seus planos? A alternativa que lhe propomos é irresistível. Quando chegar ao cimo da MahaNakhon Tower vai sentir-se no topo do mundo.
Antes de entrar no edifício que tem o bar-rooftop mais alto da Tailândia (uma torre residencial destronou a altura do Mahanakhon em dois metros!), demore alguns minutos a admirar pausadamente a sua extraordinária arquitectura formada por blocos de vidro – e onde “faltam” alguns, como se tivessem caído. Ao entrar no elevador vai atingir um pico de adrenalina. Em apenas 50 segundos chegará ao 74º piso, sentindo-se literalmente a voar, já que as paredes do elevador, se transformam em ecrãs com imagens de Banguecoque em movimento.
Neste piso, contemple a vista de 360° sobre a cidade e prepare-se para o momento mais emotivo nesta viagem aos céus de Banguecoque. No 78º piso, ao ar livre, ficará maravilhado com a vastidão que a sua vista alcança, mas os seus olhos serão atraídos para o SkyWalk: a sensação de estar nesta plataforma de vidro suspensa no edifício, a 310 metros de altura, e olhar para a profundida abaixo de si, é uma experiência indescritível. Ainda com o coração palpitante, é hora de relaxar no rooftop Sky Beach, saboreando um cocktail num horizonte infinito e um pôr do sol absolutamente soberbo.
Projectado pelo arquiteto alemão Ole Scheeren, o edifício acolhe uma sala de observação, vários restaurantes (além do Sky Beach), os apartamentos de luxo do The Ritz-Carlton Residences Bangkok, e o The Standard hotel.