Um restaurante que não é apenas português nem asiático, mas sim um ponto de encontro de sabores e histórias. No coração de Belém, o Po Tat transforma cada refeição numa viagem pelos Descobrimentos, onde tradição e modernidade se entrelaçam num conceito gastronómico surpreendente.
No coração de Belém, no Hotel Palácio do Governador, onde outrora se encontravam as cavalariças do palácio, ergue-se o Po Tat, um restaurante que desafia definições convencionais. Inspirado pelas viagens e trocas culturais dos Descobrimentos Portugueses, este espaço não é asiático, mas também não é apenas português: é um ponto de encontro de sabores, técnicas e histórias culinárias que atravessam continentes.





Recentemente renovado e inaugurado sob este novo conceito em Junho de 2024, o Po Tat carrega no nome uma homenagem subtil à tarte de nata, conhecida em cantonês como "Po Tat". Esta referência simboliza a essência do restaurante: uma interpretação contemporânea e global das ligações entre diferentes cozinhas. A Turbilhão visitou este refúgio gastronómico para testemunhar esta filosofia na prática.
Uma Carta que conta histórias
A experiência iniciou-se com um couvert despretensioso, mas revelador: um prelúdio de sabores onde cada elemento tinha um papel a desempenhar. Seguiram-se os snacks, com a barriga de atum e gamba da costa a servirem como introdução a um equilíbrio preciso entre mar e terra. De seguida, os cogumelos ostra grelhados com molho de inhame e amendoim destacaram-se pela riqueza textural e pela complexidade de sabores.
O robalo curado, finalizado num grelhador japonês, ofereceu uma abordagem minimalista e sofisticada ao peixe, enquanto a feijoada de carabineiro surpreendeu ao reinterpretar um clássico da cozinha portuguesa com um toque refinado e exótico. A presa de porco alentejano, suculenta e intensa, foi um dos pontos altos da noite, demonstrando a harmonia entre ingredientes locais e técnicas inovadoras.
Para encerrar, uma sobremesa que traduz na perfeição a filosofia do Po Tat: o crumble de croissant. Para além da sua textura crocante e do sabor delicado, esconde uma mensagem de sustentabilidade, aproveitando os croissants que sobram dos pequenos-almoços do hotel.
Um espaço de encontro e descoberta
O ambiente do Po Tat reflecte a mesma sofisticação do seu conceito culinário. Tons de azul remetem para os oceanos que foram palco das explorações portuguesas, enquanto elementos quentes na decoração criam uma atmosfera acolhedora e contemporânea. Durante o jantar, conversámos com Ricardo Noronha, responsável de marketing, que destacou a visão do restaurante como um espaço de fusão, não apenas de sabores, mas também de experiências.
O chef André Santos guiou-nos pelo conceito do menu, sublinhando a influência dos Descobrimentos como ponto de partida para esta viagem gastronómica. A sua abordagem é simultaneamente ousada e respeitosa, preservando a essência dos ingredientes enquanto os reinventa.
Para completar a experiência, o Po Tat conta com uma garrafeira cuidadosamente seleccionada por wine experts, oferecendo mais de sessenta referências de vinhos portugueses e estrangeiros, capazes de harmonizar com a diversidade de sabores do menu.
No Po Tat, cada prato é uma história, cada sabor uma ligação entre culturas. É um convite à descoberta, onde a tradição e a modernidade se encontram para criar algo verdadeiramente memorável. Para quem procura uma experiência que transcenda o prato, este restaurante é uma paragem obrigatória no roteiro gourmet de Lisboa.