Page 30 - Revista Turbilhão 22
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TEMA DE CAPA O RITMO DO TURBILHÃO
A DANÇA
INCESSANTE
DO TEMPO ROGER DUBUIS
TURBILHÕES EM ROTAÇÃO órgãos reguladores de relógios de bolso, cujo posicionamento
CONSTANTE: PRECISÃO, era maioritariamente vertical. Ao fazer girar o escape e o balanço
MOVIMENTO E POESIA dentro de uma gaiola rotativa, o turbilhão procurava garantir uma
MECÂNICA. média mais precisa da marcha. Mas com o tempo, este meca-
nismo passou de solução técnica a expressão artística e, mais
Por Marina Oliveira recentemente, a um verdadeiro palco para a inovação cinemática.
RITMO CONSTANTE, MOVIMENTO ABSOLUTO
Se o turbilhão tradicional gira sobre um único eixo, os mais avan-
a alta relojoaria, há mecanismos que çados mecanismos contemporâneos exploram a rotação cons-
impressionam pelo som, outros pela tante em múltiplos planos, criando movimentos orbitais, duplos
complexidade dos calendários ou pela ou triplos eixos e sistemas em rotação contínua. Não se trata
delicadeza das fases lunares. E depois apenas de desafiar a gravidade, trata-se de celebrar o tempo
há o turbilhão. Uma criação que fascina enquanto movimento eterno.
não apenas pela sua função, mas pelo A Roger Dubuis, por exemplo, transformou o turbilhão num
Nseu movimento. Um pequeno vórtice elemento cénico com os seus calibres Excalibur Double Flying
hipnótico que parece condensar o tempo no Tourbillon, onde duas estruturas flutuantes giram em rotação
seu próprio eixo. sincronizada, evocando uma dança perfeitamente coreografada.
Inventado por Abraham-Louis Breguet em 1801, Já a Bulgari, com o Octo Roma Central Tourbillon Papillon, rein-
o turbilhão nasceu com um objectivo prático: terpretou o centro do mostrador como eixo de rotação, onde o
compensar os efeitos da gravidade sobre os turbilhão se move com fluidez escultórica, quase etérea.
© Breguet 30