Page 28 - Revista Turbilhão 22
P. 28
TEMA DE CAPA O SOM DO TEMPO
BREGUET
REPETIÇÕES MINUTOS E SONNERIES
O ritmo acústico da alta relojoaria
HÁ RELÓGIOS QUE SE VÊEM. s repetições de minutos e as grande sonneries são mais do
OUTROS QUE SE SENTEM. que proezas técnicas. São melodias mecânicas que dão voz ao
E HÁ OS QUE SE ESCUTAM. tempo. E fazem-no com um ritmo próprio, onde cada batida
NO UNIVERSO DA ALTA ecoa séculos de savoir-faire.
RELOJOARIA, POUCOS A génese destes mecanismos remonta ao século XVII, quando os
MECANISMOS SÃO relógios ainda não tinham mostradores visíveis durante a noite.
TÃO POÉTICOS – E A A repetição de minutos permitia saber as horas ao toque de um
COMPLEXOS – COMO botão, mesmo no escuro – uma necessidade prática que rapidamente
AQUELES QUE TRADUZEM se transformou em expressão artística e objecto de fascínio mecânico.
O TEMPO EM SOM. Com o tempo, os sistemas tornaram-se mais sofisticados e melódicos,
e as casas relojoeiras mais reputadas passaram a disputar a clareza,
Por Marina Oliveira a harmonia e a complexidade da sua sonoridade. Abraham-Louis Bre-
guet, pioneiro incontornável, foi um dos primeiros a integrar mecanismos
acústicos em relógios de bolso com requinte e precisão, deixando um
legado que a Breguet contemporânea continua a honrar com peças de
rara sobriedade sonora.
Uma repetição de minutos é um mecanismo que, activado manualmente,
traduz a hora actual em sequências de tons: um grave para as horas,
duplo para os quartos e agudo para os minutos. Esta sequência é pos-
28