Page 108 - Revista Turbilhão 21
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EVASÃO  DESTINOS DE ARQUITECTURA




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             MUSEU NACIONAL DO QATAR


            MUSEU NACIONAL DO QATAR, DOHA                               CENTRO NACIONAL DE ARTE, TÓQUIO
            Todos os museus nacionais (ou quase todos) contam a história da   Ao contrário da maioria dos museus e galerias de
            nação e do seu povo. Mas o Museu Nacional do Qatar personifica-  arte nacionais, o Centro Nacional de Arte de Tóquio
            -a. O desafio colocado a Jean Nouvel foi claro: criar um edifício   não tem uma colecção permanente. As suas expo-
            que, pela sua configuração, se tornasse um símbolo da identidade   sições temporárias mudam a cada quinze dias, mas
            do país. A resposta veio sob a forma de Rosa do Deserto, um   se não conseguir visitar a sua favorita, a impres-
            fenómeno natural típico da região.                          sionante arquitectura do edifício é, por si só, uma
            O edifício parece brotar do solo, como se fosse uma escultura de   experiência imperdível e rivaliza com a multiface-
            sal, mimetizando a sua forma através de um sistema de discos   tada e fascinante arte que acolhe no interior.
            suspensos e incrustados num volume maior, revestido por milha-  Localizado no bairro central de Roppongi, um
            res de elementos que lhe conferem um padrão. Estes enormes   dos mais luxuosos e culturais da cidade, o edifí-
            planos suspensos emprestam belíssimas sombras às fachadas e   cio sobressai pela enorme ondulação transpa-
            abrem-se em terraços que oferecem vistas deslumbrantes sobre   rente da fachada do átrio central, que se inunda
            o pátio central, os jardins e a Baía de Doha.               de luz, e se assume como ponto de partida para
            Os interiores, de aspecto arenoso e em constante movimento,   todos os espaços de exposição. É também aqui
            abrigam um percurso expositivo que nos impressiona e sur-   que se encontram dois imensos cones inverti-
            preende. Ao longo de 11 galerias interligadas, segue um fluxo   dos, no topo dos quais pode deliciar-se com
            elíptico e contínuo que evoca as ondulações naturais das dunas   uma das melhores ofertas gastronómicas de
            da paisagem desértica do Golfo Pérsico. O paisagismo exterior   Roppongi, enquanto aprecia a maravilhosa vista
            alterna entre dunas, pântanos e oásis, contando a história de uma   através da fachada. O átrio liga-se ainda ao cen-
            cultura que floresceu num ambiente hostil.                  tro do bairro como sendo parte dele, acrescen-
            “Simbolicamente, a sua arquitectura evoca o deserto, a sua dimen-  tando um elemento à sua famosa vida nocturna.
            são silenciosa e eterna, mas também o espírito de modernidade   Assinado por Kisho Kurokawa (1934-2007), o
            e de audácia que vieram abalar o que parecia inabalável”, disse   museu – com três pisos dedicados à arte con-
            Jean Nouvel a propósito desta sua obra que capta a essência do   temporânea do Japão – é um dos mais aclama-
            Qatar, homenageando a sua cultura e geografia.              dos projectos do visionário arquitecto japonês.



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