Page 116 - Revista Turbilhão 20

GOURMET QUINTA DE LEMOS

ADEGA DA QUINTA DE LEMOS

20 anos, que nos acompanha. O entusiasmo do
neto do patriarca é, no mínimo, enternecedor.
Manuel tem planos para o futuro, mas todos “Nasci em 2000, no mesmo ano que o meu avô investiu aqui na
desaguam na Quinta de Lemos. quinta”, diz Manuel Lemos. Com 50 hectares, a quinta fica em
Conta o jovem empresário que “o logotipo da pleno Vale do Dão, que é a mais antiga região de produtores de
quinta, segundo o avô, são as quatro fases da vinho em território nacional. O clima, o terroir e as castas autócto-
lua.” Mas também podem ser as monocastas nes dão origem a vinhos únicos. Rodeada pelas serras da Estrela,
em cima e os blends em baixo, diz. Contador Caramulo, Buçaco e Nave, a vinha desenvolve-se em solos gra-
de histórias nato, o nosso interlocutor fala-nos níticos e arenosos, recebendo influências atlânticas que se refle-
do avô, assegurando que se perdeu um grande tem em humidade e frescura. A produção do vinho é amiga do
futebolista para nascer um grande visionário. ambiente.
Celso de Lemos foi estudar para a Bélgica nos A vinha está sujeita às variações do clima, logo cada vinho tem
anos 60. Foi lá que se formou e que conheceu um carácter único. Enquanto Manuel nos guia pelas várias depen-
a mulher Paulette. Foi também entre a Bél- dências da adega, explica: “são seis mil plantas por hectare e a
gica e França que fez o estágio. Voltou para colheita é toda manual, feita por senhoras dos 50 aos 70 anos,
Viseu, que considera a “capital de Portugal”, e que adoram a terra”.
começou a fazer tapetes na garagem da mãe. Fiéis às práticas ancestrais , construíram, em 2015, lagares em
Há mais de 40 anos. Com quatro funcionários, granito para a pisa da uva a pé. Os vinhos ficam em estágio cerca
nasce a Abyss & Habidecor, fábrica de têxteis de seis a sete anos. Os de 2015, por exemplo, só saíram agora para
de luxo. Mas isso é outra história. o mercado, prontos para o consumidor final. “Deve ser por isso

116