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Interiores que Inspiram Emoções

Já nos aconteceu a todos entrarmos num espaço e sentirmos de imediato uma ligação com esse local. Não é apenas o nosso olhar que fica fascinado, são sobretudo as emoções que o ambiente nos desperta, as histórias que nos conta, as memórias que nos evoca. E tudo isto acontece com um propósito: cada vez mais os espaços públicos, como hotéis, restaurantes ou lojas, querem proporcionar a melhor experiência aos seus clientes, criando locais com uma identidade única, onde as pessoas querem estar, onde a sua vivência tenha significado e possa ser partilhada com outros. E para que isso aconteça, o design de interiores pensado e executado por profissionais assume uma importância primordial na criação de espaços que possam ser apelidados de “lugares”.

É o que diz Gracinha Viterbo, do atelier Viterbo Interior Design quando afirma que “cada vez mais o cliente valoriza o detalhe” e “é preciso prestar atenção à iluminação, textura, cor e escala, enquanto fatores que contribuem para criar uma sensação de lugar”, já que “a experiência do lugar é exigida e compreensível numa era em que a saúde mental e o bem-estar são crescentemente valorizados”. A designer conta que durante muitos anos, sobretudo no pós-guerra, o design de interiores foi “baseado na ideia de que a forma segue a função” e, “como resultado, o design não era mais sobre emoções ou estética, mas sim sobre funcionalidade.

 

Viterbo Interior Design, Gracinha Viterbo © José Manuel Ferrão
Viterbo Interior Design, Gracinha Viterbo © Francisco Nogueira

 

Hoje estamos a voltar ao poder das emoções, das experiências e de como viver um espaço com todos os sentidos.” Gracinha Viterbo acrescenta ainda que o “design de interiores moderno está principalmente preocupado com a sua relação com o mundo físico” e além do seu papel estético e funcional, ele é um “elemento importante na forma como vivemos, trabalhamos e interagimos com o mundo”.

Por sua vez, Cláudia e Catarina Soares Pereira, fundadoras do atelier Casa do Passadiço, falam-nos da relação de equilíbrio que imprimem em todos os seus projectos, nos quais “o conforto, a elegância, a qualidade e funcionalidade se encontram sempre aliados”, assumindo-se como “elementos fundamentais” na selecção das “materialidades que são o ponto de partida para a criação de uma identidade no espaço”. Na concepção dos seus projectos, as decoradoras têm sempre presente que a “decoração de interiores deve adaptar-se às mudanças no modo de vida”.

 

Casa do Passadiço, Cláudia e Catarina Soares Pereira © Francisco de Almeida Dias
Casa do Passadiço, Cláudia e Catarina Soares Pereira © Francisco de Almeida Dias

 

É também esta a ideia que nos transmite a dupla de arquitectos da Oitoemponto, Artur Miranda e Jacques Bec, ao salientarem que “cada uma das suas criações é fruto de longas horas de consulta durante as quais se analisam estilos de vida, hábitos e gostos, de forma a respeitá-los o melhor possível e ir ao encontro das necessidades e desejos dos clientes”.

 

 

ESPAÇOS COM ASSINATURA

Nesta necessidade de quem procura lançar ou expandir um negócio com sucesso há hoje uma busca por lugares únicos e autênticos em que cada conceito é uma narrativa que traça uma identidade. “Cada vez mais, os clientes que nos procuram querem uma assinatura profissional, como quem investe numa obra de arte, porque entendem o valor artístico que um projecto personalizado acrescenta à experiência física e emocional”, explica Gracinha Viterbo, para quem o design de interiores moderno pode ser “definido como uma síntese entre arte, arquitectura, design, estilo de vida e cultura.”

 

Studio Astolfi, Joana Astolfi © Francisco Nogueira
Studio Astolfi, Joana Astolfi © Studio Astolfi

 

Esta ideia é partilhada por Joana Astolfi, que, quando questionada sobre como se define – arquitecta, designer ou artista –, diz que se afirma como “artista com um dom para contar histórias através de objectos e sítios.” Com uma linguagem muito própria, as suas “narrativas” são claramente identificadas nas montras da Hermès, nos restaurantes José Avillez, na Claus Porto, na André Opticas ou no Museu de Moda e dos Têxteis, recentemente inaugurado em Gaia.

 

EVOCAR A HISTÓRIA E CULTURA

Na criação de uma identidade singular para os espaços há também uma preocupação com a “pertença” ao local em que se inserem ou a referência histórica, respeito e valorização do património histórico e cultural. Foi o que aconteceu na renovação do Ritz Four Seasons Hotel Lisboa pela Oitoemponto, onde a dupla fez questão de “devolver a história ao espaço, mais do que impor a sua assinatura.” “Agimos com enorme respeito e carinho”, e “o resultado é o equilíbrio perfeito entre a evocação do passado e o estilo de vida contemporâneo”, sublinham os arquitetos.

“Na maioria dos projectos, inventamos uma história, aqui prolongámos uma história.” As referências históricas e culturais, a par com a personalização, estão igualmente a flexibilizar a identidade padronizada das marcas, seja nas cadeias hoteleiras, de lojas ou restauração. É desta tendência que nos fala a Casa do Passadiço ao abordar os projectos realizados para a reputada marca de sapatos italiana Aquazzura em vários pontos do globo, incluindo Florença, Londres, Milão, Paris, São Paulo, Dubai, Qatar e Nova Iorque. “Em cada um dos projectos procurámos inspiração no local e na cultura onde o espaço está inserido, adequando os materiais, acabamentos e tonalidades e dando sempre especial atenção aos detalhes”, contam as fundadoras do atelier. “Todas as lojas da marca são diferentes, mas todas têm uma linguagem comum com identificação própria”, salientam.

 

Oitoemponto, Artur Miranda e Jacques Bec © Francis Amiand
Oitoemponto, Artur Miranda e Jacques Bec © Francis Amiand

LUGARES DE PARTILHA

Hoje, mais do que coisas, “coleccionamos” experiências. E estes espaços são o local ideal para as partilhar, criando memórias que se querem inesquecíveis. Na era digital, a escolha de um hotel, a entrada numa loja ou a preferência por um determinado restaurante é motivada pelas redes sociais, onde os influencers têm um papel determinante.

Na opinião de Gracinha Viterbo, “o uso do design, combinado com a ascensão da tecnologia, mudou a forma como vivemos. A vivência está cada vez mais virada para dentro, para o que nos faz sentir um espaço, e isso abriu caminho a inovações impressionantes na forma como desenvolvemos um projecto e no seu resultado final.” Por isso mesmo, na concepção dos espaços há características que são projectadas a pensar no registo e partilha de momentos através de imagens e no potencial que estas podem ter na decisão dos clientes. E quanto mais “instagramável” for um local, com cenários perfeitos e propícios à partilha de fotos inspiradoras, maior será a probabilidade do seu sucesso.

Se o design de interiores pode conduzir a uma experiência singular e determinar o sucesso de um negócio, haverá regras para o conseguir? Gracinha Viterbo acha que não, mas, mesmo assim, deixa uma fórmula: o cliente (de onde vem, onde está e para onde aspira ir); o lugar (o estilo da arquitectura, as suas referências); a história que vamos criar e que une o cliente ao espaço.