Page 16 - Revista Turbilhão 22
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AO RITMO DO TEMPO
             E C
        T TEMA DE CAPA A  A O R I T M O D O T E M P O
                P
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                                                            VAN CLEEF & ARPELS             IWC SCHAFFHAUSEN
                                                              Lady Arpels Ballerine             Pilot’s Watch
                                                               Musicale Diamant               Chronograph 41
            VAN CLEEF & ARPELS
            Merce Cunningham
            com Lyon Opera Ballet

                                                                        Marcas como a Zenith, com o lendário El Pri-
                                                                        mero a vibrar a 36.000 alternâncias por hora,
                                                                        elevaram a frequência a uma arte. Outros apos-
            O NASCIMENTO DA BATIDA MECÂNICA                             taram em soluções ainda mais ousadas, como
            A história da relojoaria é, acima de tudo, a história da demanda   mecanismos em ressonância, duplos escapes
            por um ritmo regular. Do gnomon aos primeiros relógios de torre,   ou calibres com força constantes. O ritmo, mais
            a imprecisão era a norma. Até à invenção do pêndulo, no século   do que uma função, torna-se um desafio de
            XVII, por Christiaan Huygens. Pela primeira vez, a batida do tempo   engenharia.
            tornava-se previsível e fiável. A cada oscilação, um passo firme na   Entre essas inovações, os mecanismos de res-
            direcção da modernidade.                                    sonância ocupam um lugar de culto. Trata-se
            Pouco depois, surgem os mecanismos de escape, que libertam   de uma configuração extremamente rara, em
            energia em intervalos rítmicos. É com o escape de âncora, aco-  que dois órgãos reguladores – geralmente dois
            plado a um balanço com espiral, que nasce o coração dos relógios   balanços com espiral – vibram em harmonia,
            modernos: um órgão oscilante que dita, com cadência constante,   sincronizando-se mutuamente através da res-
            o passar do tempo. O relógio deixa de ser uma representação do   sonância mecânica. Esta simbiose resulta numa
            cosmos para se tornar uma máquina de ritmo.                 maior estabilidade e precisão, sendo explorada
                                                                        por casas como F.P. Journe, com o icónico Chro-
            A OBSESSÃO PELA PRECISÃO                                    nomètre à Résonance, ou Armin Strom, com
            A demanda pela frequência ideal – o número de batimentos por   o Mirrored Force Resonance. Uma dança mecâ-
            segundo – marcou a relojoaria dos séculos XIX e XX. O surgi-  nica em que o tempo pulsa em uníssono.
            mento dos primeiros cronómetros de bolso certificados – relógios   Da mesma forma, os calibres com força cons-
            mecânicos submetidos a testes rigorosos em observatórios como   tante representam uma conquista notável na
            os de Neuchâtel e Genebra, a partir do século XIX – trouxe à relo-  busca pela regularidade perfeita. Estes meca-
            joaria um novo estatuto técnico e social. Os relógios deixavam   nismos garantem que a força transmitida ao
            de ser apenas símbolos de prestígio; tornavam-se ferramentas   escape permanece estável ao longo de toda
            essenciais para navegadores, engenheiros e cientistas.      a reserva de marcha, contrariando a tendên-



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