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A montanha mágica

Pode ser um poema ao relaxamento ou também uma dissertação sobre um trilho serrano. A 700 metros de altitude, as Casas da Lapa têm o poder de se adaptar ao hóspede que têm pela frente. E essa é a verdadeira arte de saber receber.

 

Relaxar é o verbo que vem à mente assim que o carro estaciona ao fim da tarde na Lapa dos Dinheiros. A música da cascata parece parte de uma meditação que foi posta ali para que deitássemos para trás das costas todas as preocupações. À chegada, depois do check in, a única coisa que temos para fazer é escolher se ao jantar queremos carne, peixe ou vegetariano.

 

 

A chef Sofia Cardoso todos os dias cria um cardápio diferente para o jantar “5 Momentos”. A chef defende que cozinha com a alma. “Gosto de fazer pratos simples que nos façam viajar até sabores antigos”. Chamam-lhe comida de conforto e tudo nas Casa da Lapa se resume a conforto, como se voltássemos a uma sensação uterina em que só precisamos do básico e de nada mais. A não ser que um dos cinco sentidos peça com muito jeitinho ao corpo para que este se ponha em marcha.

 

 

Lá fora é Primavera, mas parece dezembro. O dia está cinzento, há rebanhos brancos a pintalgar os pastos, só falta mesmo o uivo dos lobos para se voltar às histórias contadas à lareira. Do pátio do quarto 14 a paisagem é a perder de vista. Diz quem sabe que dali se vê Oliveira do Hospital, Seia e Nelas.

 

 

 

 

Nesta altura do ano a serra da estrela cobre-se de giestas e fica um manto amarelo a anunciar dias mais quentes e piqueniques ao sol. Eliana Gonçalves, rececionista e terapeuta do spa, apesar de trabalhar há cerca de um mês no hotel já conhece os cantos à casa e às lendas da região. Segundo reza a história, o rei português D. Dinis, que viveu entre o século XIII e XIV, veio até estas paragens caçar e foi recebido com um farto banquete. Ao perguntar como tinham conseguido tão generosa refeição, os anfitriões retorquiram: com os nossos dinheiros, e o monarca batizou a terra de Lapa dos Dinheiros.

 

É também Eliana que me diz que aqui não há horas para tomar o pequeno-almoço. Para sermos mais precisos, este pode ser servido até por volta da uma da tarde. É nas mãos dela que me vou pôr a seguir ao almoço para uma massagem antienvelhecimento. Um misto de massagem relaxante com uma mistura de óleos essenciais “que rejuvenescem a pele e favorecem a firmeza da derme”. No spa das Casas da Lapa são utilizados óleos essenciais biológicos da marca Pranarôm, conseguidos através de destilação para corresponder ao perfil de cada hóspede. Há massagens também para todos os gostos e disponibilidade, com mais ou menos intensidade.

 

 

Lá fora, esta aldeia pertencente ao concelho de Seia, distrito da Guarda, parece um lugar encantado. Encavalitada numa encosta da serra a 700 metros de altitude e carregada de nuvens baixas, é natural que não se veja vivalma. Imagino os aldeões dedicados às suas tarefas diárias, a fazer o que se pode, debaixo de telha, protegidos da chuva.

 

 

 

 

As condições meteorológicas não nos assustam e vamos à procura de paisagens serranas que dificilmente encontraremos noutro lugar. A nossa primeira descoberta acontece na Praia Fluvial de Loriga. Se no Verão faz as delícias de miúdos e graúdos, na Primavera este é um santuário de calma e tranquilidade. Situada a 800 metros de altitude, a praia que fica ao meio do curso da Ribeira de Loriga tem vestígios do glaciar que abriu o Vale. Por causa das últimas chuvadas, as suas cascatas estão ao rubro e a natureza ao redor está toda a despontar.

Já de volta à aldeia espreitamos também a praia Fluvial de Lapa dos Dinheiros. Os seus castanheiros centenários e os seus blocos graníticos fazem deste lugar o paraíso na terra. Em dias quentes de Verão, mergulhar nestas águas poderá ser a única forma de arrefecer o corpo, mas hoje ainda não foi o dia. O mergulho acontece na piscina aquecida onde, mediante marcação, poderá usufruir do espaço com toda a exclusividade.

 

Na sala de estar a lareira crepita e pede que paremos a olhar para o fogo enquanto não chega a hora do jantar. Outra opção é escolher um dos livros da biblioteca, coleção privada dos proprietários que está à disposição, e ler só pelo prazer de o fazer. Num recanto, uma cúpula que parece um ninho para que o leitor faça a sua imersão na leitura. A verdade é que funciona.

 

 

Do jantar de cinco momentos criado pela chef Sofia Cardoso ficaram na memória uma suculenta bochecha de porco, que acompanhava com puré de castanha e cogumelos salteados, bem regada pelo espumante Vinhais do Sabarrô, produzido na Bairrada pelo pai de Maria Manuel Silva, proprietária do hotel.

 

 

Se o tempo estiver de feição, um passeio ao luar será uma boa opção para quem quiser digerir tão opíparo jantar. Ou então tomar um digestivo e aprender com Sofia a fazer aquela bochecha tão tenrinha, escrever à mão a receita para depois pô-la em prática. Depois, já no quarto, é subir ao mezanino e ver a lua através do telescópio.

 

 

 

 

 

O que se leva das Casas da Lapa? São as mãos mágicas de Eliana ou o segredo para fazer a sopa mais cremosa, como nos ensinou Sofia. Este hotel de montanha, no entanto, irá adaptar-se ao hospede que tiver pela frente. Se for um grande desportista há trilhos com fartura e bicicletas de montanha para descobri-los, se for um gourmand vão sugerir-lhe que pare em Seia para se abastecer na Queijaria Dona Maria, em Seia. Mel pão e queijo foi o que trouxemos da serra. Isso e memórias de quem carregou as nossas emoções ao colo, como se voltássemos aos quereres da infância.               

 

Mais informações:

Casas da Lapa