Até 2 de Janeiro, a boutique Vacheron Constantin Lisboa alia-se ao Museu do Traje para exibir dois séculos de criações femininas.
A Vacheron Constantin presta homenagem à Alta-Costura numa exposição composta por uma selecção de relógios da colecção privada da Maison, patente até ao dia 2 de Janeiro na boutique da marca em Lisboa. A par dos modelos relojoeiros em exposição estão também peças de alta-costura cedidas pelo Museu do Traje, que evidenciam a estreita ligação entre estas duas áreas artísticas.
Desde meados do século XX, que as Maisons de Alta-Costura são regidas por um conjunto de regras que codificam as suas actividades, desde a confecção de peças no atelier até aos desfiles de moda. Esta disciplina rigorosa, estimulou naturalmente a imaginação das Maisons criando todo um universo de estilo, luxo e qualidade. Da mesma forma, os seus homólogos da Alta Relojoaria, como a Vacheron Constantin, aderiram a uma série de preceitos que têm garantido que os seus relógios resultem de uma conjugação de arte e conhecimento.
As mulheres interessaram-se pela relojoaria numa fase muito precoce da história, muitas vezes para melhorar os seus adornos com objectos por vezes inusitados, mas geralmente concebidos como jóias autênticas. Os aspectos práticos destes itens não foram, no entanto, negligenciados, como evidenciado pelos muitos resultados surpreendentes, como é o caso dos relógios de calendário feitos para mulheres. Os primeiros exemplares que constam do acervo da Colecção Privativa Heritage da Maison datam de 1812.
As colecções Heritage da Vacheron Constantin, compostas por mais de 1.300 peças, constituem um testemunho do formidável impulso criativo no campo dos relógios femininos. Com uma primeira referência histórica que remonta a 1815, um relógio de bolso em ouro amarelo com uma caixa finamente gravada com um motivo floral realçado com granadas, a Maison começou a manifestar a atenção especial que tem vindo a dedicar às mulheres. Quer se trate de relógios funcionais ou cerimoniais, jóias ou relógios desportivos, os relógios femininos da Vacheron Constantin foram sempre capazes de captar tendências artísticas e adaptá-las às do vestuário do momento, à mudança do estatuto social das mulheres, aos seus desejos, bem como aos seus
caprichos mais exóticos. Desde 1800, que têm influenciado continuamente as criações mais bem-sucedidas da Maison.
Para ilustrar estes dois séculos de relojoaria no modo feminino, a Vacheron Constantin seleccionou algumas peças das suas colecções Heritage. Tal como um grande costureiro desenha roupa para eventos especiais, a Maison seleccionou um conjunto de relógios para combinar com o look usado numa gala, na hora do chá, no almoço ou num cocktail, sem esquecer o relógio acessório, objecto indispensável para as pessoas de bom gosto.
Gala
Os relógios seleccionados utilizaram as mais delicadas técnicas de encaixe. Também é interessante notar que quando surgem os relógios de pulso, as pulseiras de platina e ouro eram flexíveis para evitar que fossem arrancadas, proporcionando o melhor conforto ao utilizador.
Durante o período Art Déco apareceu uma ampla gama de diferentes formas extravagantes: oval, rectangular, quadrado com cantos pontiagudos ou arredondados. Muitas vezes alongado e curvado para se ajustar perfeitamente ao pulso. Parte destas criações tornaram-se uma das assinaturas estéticas da Maison, que continuou a imaginar novas formas especialmente durante os anos 70, uma era disruptiva e altamente criativa.
Hora do chá
Antes de os relógios serem usados no pulso, as mulheres costumavam usá-los como pendentes. As mulheres foram as primeiras a usar relógios de pulso, muito antes de estes se difundirem no início do século XX. A Vacheron Constantin deixou a sua marca ao longo do tempo, desde os primeiros relógios de bolso femininos fabricados no início do século XVIII até elegantes relógios contemporâneos.
Almoço
No início, durante a década de 1920, a Vacheron Constantin seguiu a tendência Art Déco que estruturava e dava uma arquitectura específica às suas criações com linhas puras e sóbrias. Entramos então na chamada Era Moderna. Os acessórios eram na altura componentes vitais do look e os relógios secretos tornaram-se moda. Desde a sua primeira apresentação na exposição Montres et Bijoux em 1942, a Maison sempre se destacou pelo seu design e inovação, como resposta à alta-costura e às exigências das mulheres. Na verdade, durante eventos elegantes e especiais, ver as horas podia ser considerado muito indelicado, especialmente no caso de ser uma senhora.
Cocktail
Usados no pulso, os primeiros calibres de relógios de pulso (calibres de relógios de bolso miniaturizados) enfrentaram novas restrições devido aos choques, às mudanças de humidade e de temperaturas. Durante o século 20, a maioria das inovações foi direccionada para melhorar a fiabilidade desses calibres. Devido à grande procura por relógios de formatos variados, os relojoeiros preferiram desenvolver calibres miniaturizados mais apropriados para relógios de menores dimensões. Em 1915, a Vacheron Constantin apresentou um calibre em linha extremamente pequeno (21,5 x 6,5 mm) designado baguete e usado principalmente em joalharia e relógios. Mais tarde, o chamado baguete, calibre 7''' utilizava um sistema patenteado para proteger a roda de balanço contra choques.
Acessórios
Em 1879, Ferdinand Verger torna-se o agente exclusivo da Vacheron Constantin em França. A colaboração continua também com os seus filhos, que assumem a direcção da empresa em 1920. A Vacheron Constantin mantém uma estreita colaboração com Verger até 1938. Durante este período, tirando partido da miniaturização dos movimentos, a Vacheron Constantin cria numerosos modelos de relógios, alguns dos quais com caixas patenteadas pelos irmãos Verger. Entre eles, os modelos de cortina, também conhecidos como relógios de "treliça", ou relógios alfinete de peito tipo chatelaine. Esta arte foi sendo desenvolvida e desenvolvidas novas formas de dotar os relógios de acessórios.
