Outrora palácios ou palacetes, hoje são hotéis singulares e exemplares monumentais da nossa história e cultura. Uma herança que se torna parte essencial da vivência contemporânea de quem os procura. Ficar hospedado nestes espaços é fazer uma viagem no tempo, à grandiosidade, à elegância e ao charme do romantismo português.
TOREL PALACE PORTO
É em pleno coração do Porto que se encontra o Palacete Campos Navarro, construído em 1861 pela família homónima, e que é hoje propriedade do grupo Torel Boutiques. A fortuna dos Campos Navarro teve origem na exportação de tecidos, vinho, azeite e cereais. Atividade que acabaria por inspirar a construção deste espaço que se constituiu também como um tributo à riqueza e à diversidade dos produtos que comercializavam. Antes de se transformar num imponente hotel de cinco estrelas, assumiu vários outros papéis, porém, nas várias naturezas que foi assumindo, nunca perdeu a sua identidade.
Preservar e respeitar as suas características originais foi também uma das preocupações da mais recente recuperação do palacete. Todos os elementos arquitectónicos e decorativos foram reabilitados, garantindo que o valor histórico do edifício permanecesse intacto.
Para os amantes de história e de arte, o agora Torel Palace Porto é um “amor de perdição”. O edifício de quatro andares é coroado por uma fabulosa clarabóia, com oito painéis onde configuram motivos florais e signos simbólicos para a família, como a representação de Mercúrio – deus romano do comércio, da Alegoria da Indústria ou da Alegoria da Navegação. O conceito do hotel celebra a tradição literária portuguesa e cria uma atmosfera culturalmente enriquecedora para os hóspedes. Na biblioteca, um dos lugares mais acolhedores do espaço, caem livros do tecto como se fossem estrelas, numa fantástica instalação artística que convive com as paredes forradas a estantes, com os sofás e as cadeiras confortáveis. Cada um dos 24 quartos e suítes eleva o nome de ilustres escritores e poetas portugueses, e no primeiro andar podem também ver-se, nos tectos dos quartos, grandiosos estuques trabalhados que retratam Luís de Camões, Barbosa du Bocage, Almeida Garret ou Alexandre Herculano. E, um pouco por todo o hotel, espalhados em alguns recantos, encontram-se livros, especialmente exemplares antigos.
O terraço com uma piscina verde esmeralda; o espaço dedicado ao bem-estar e ao relaxamento - (Calla Wellness Suite); a proposta gastronómica do Blind, que presta homenagem à obra de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira; e a Florbela Pâtisserie, instalada no interior da biblioteca, complementam o conceito e motivam a visita ao Torel Palace Hotel.
VERRIDE PALÁCIO SANTA CATARINA
No alto de uma das sete colinas de Lisboa, virado para o Tejo e junto ao Miradouro de Santa Catarina, popularmente conhecido por Adamastor – é aqui que se encontra este hotel de charme reconvertido a partir de um palácio oitocentista, cuja construção remonta ao período pós-sismo de 1755, que foi outrora morada de João Lobo Santiago de Gouveia, mais conhecido por Conde de Verride. A história das suas paredes, aliada à atmosfera romântica de outros tempos e aos frescos do século XVIII, harmoniza de forma equilibrada com a simplicidade, as comodidades contemporâneas, as cores pastel suave e as suas linhas modernas. Os arcos mouriscos e o chão de azulejos pretos e brancos no interior permitem uma viagem no tempo pelos quatro andares do agora Verride Palácio Santa Catarina, onde se podem ainda ver tectos meticulosamente ornamentados, pilares de mármore, e luxuosos sofás de veludo. Elementos graciosamente restaurados e introduzidos pela arquitecta Teresa Nunes da Ponte.
Os 18 quartos deste hotel, brindados com enorme luz natural, oferecem vistas absolutamente deslumbrantes para a cidade de Lisboa e para o rio que a serpenteia, e os seus interiores apresentam uma decoração de cores neutras e paletes suaves. Mas a jóia da coroa são as duas suítes reais, onde se mantiveram alguns toques de decoração de João Lobo de Santiago Gouveia, Conde de Verride. A Suíte da Rainha encontra-se hoje na antiga sala de refeições. Os tectos esculpidos em estuque e os azulejos com paisagens e caçadas junto ao rio distinguem este espaço. Já a Suíte do Rei ocupa o antigo escritório da residência e lá podem encontrar-se elementos como as antigas lareiras e o espaço forrado a madeira trabalhada.
Da experiência fazem também parte o Restaurante SUBA e um Rooftop Bar, no último patamar do palácio, onde se podem explorar as criações assinadas pelo chef Fábio Alves e ter uma vista de 360°privilegiada sobre a cidade.
MS COLLECTION AVEIRO – PALACETE DE VALDEMOURO
A vida e obra de Eça de Queiroz são a inspiração por detrás do Palacete de Valdemouro, a antiga casa da família do escritor, que agora se converte num hotel de luxo, junto à encantadora ria de Aveiro. Com uma fachada neoclássica brasonada, este hotel de charme combina a nostalgia do passado com o requinte e a elegância do presente, e conta ainda com apontamentos que remetem para o estilo de França no século XIX, país onde Eça de Queiroz viria a falecer em 1900.
Mas nem só a fachada foi preservada. Os tectos decorados em estuque e a monumental escadaria de madeira foram restaurados com cuidado e bom gosto.
Cada um dos 40 quartos apresenta um design singular, inspirado na vida e obra de Eça. Carlos da Maia, Maria Eduarda, João da Ega ou outras personagens icónicas do escritor saíram mesmo dos livros e emprestam agora o seu nome aos quartos temáticos deste hotel do MS Group. Pelas várias divisões do hotel, e fruto de uma colaboração com a Fundação Eça de Queiroz, encontram-se peças que evocam o legado do escritor. Na sala de leitura, por exemplo, pode admirar-se o espólio disponibilizado pela fundação, que conta com livros, fotografias, objectos pessoais e outros artefactos. Também nesta sala se pode encontrar um busto dourado de Eça. Detalhes que foram pensados ao pormenor para se celebrar a história, a literatura e a hospitalidade de excelência. E, na parte exterior do palacete, vê-se uma verdadeira obra de arte contemporânea: o mural criado por Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, que homenageia o escritor.
O MS Collection Aveiro – Palacete de Valdemouro dispõe ainda de uma variedade de serviços onde o spa, a piscina exterior, o ginásio e o restaurante de fine dining “Prosa”, com a assinatura do chef Rui Paula, são também motivos para chegar… e ficar.
POUSADA PALÁCIO DE ESTÓI
Quando se chega ao Algarve autêntico, o tempo parece parar, e é lá que se ergue a majestosa Pousada Palácio de Estói, um refúgio palaciano, considerado imóvel de interesse público e integrado na Small Luxury Hotels of the World, onde o esplendor histórico e o luxo moderno se cruzam numa combinação sublime. Originalmente construído numa quinta do século XVIII, o Palácio de Estói foi inaugurado em 1909 por José Francisco da Silva - Visconde de Estói, e é um testemunho vivo da opulência e do estilo da época, já que a sua arquitectura exuberante e a sua decoração detalhada foram cuidadosamente preservadas. Um trabalho assinado pelo arquitecto Gonçalo Byrne.
Os jardins de estilos francês e italiano, implantados em socalcos, com as suas simetrias e esculturas elegantes, bem como as laranjeiras e palmeiras dispostas ao estilo Versailles, foram devidamente respeitados e convidam a longas caminhadas contemplativas, que podem terminar com um mergulho na piscina exterior.
A antiga Capela do palácio, dedicada à Sagrada Família, com uma estética Luís XV, é agora a recepção da pousada, transformada numa área de exposições, em parceria com o Museu Municipal de Faro. À chegada, cada peça e cada obra de arte, com influências romana, árabe e clássica, deixam claro o mote da estadia. A arte estende-se a todo o palácio. Os seus salões sumptuosos são o resultado da mistura harmoniosa dos elementos neoclássicos, neorococó e Arte Nova, que vão sobressaindo do mobiliário, dos frescos e da paleta de cores. E os 63 quartos apresentam um equilíbrio perfeito entre o charme histórico e as comodidades modernas. Na antiga cozinha do palácio, o Restaurante Visconde oferece ainda uma gastronomia contemporânea regional, onde a autenticidade da tradição portuguesa coexiste com a paixão e a criatividade.